domingo, 21 de outubro de 2012

O Tédio e o Tolo


Já se passava das 3 horas da madrugada, a penumbra parecia ajudar a noite a ficar mais fria. Andava de um lado para outro procurando algo para ocupar minha mente, na cozinha havia apenas porcarias que eu já estava farto de comer esta noite, na sala uma chata programação de madrugada. O relógio na parede parecia gritar conforme os segundos iam se passando, era tudo que ocupava minha mente naquele momento.
Não dava mais pra ficar dentro de casa, quatro relógios de parede, não havia como fugir deles. Estava jovem pra enlouquecer ainda, por que estes malditos relógios resolveram me atormentar esta noite? Bem, nada melhor que sair para olhar o céu noturno... Foi o que pensei como uma forma de fuga daquele tormento.
Frio. Muito frio e um céu escuro e vazio. Agora entendo porque as pessoas gostam de livros, quando se imagina um mundo você coloca mais cores nele. Ainda assim o silencio me reconfortava, estava seguro longe daqueles senhores do tempo que me torturavam segundo após segundo.
Um suspiro aliviado seguido de um leve espirro. Percebi que não podia fugir do que me atormentava. Apenas trocar o meu carrasco. Meu corpo tremia enquanto eu tentava pensar em algo pra ocupar o tempo -Droga, se pelo menos eu pudesse ver a lua ou as estrelas, talvez eu tivesse um pouco de inspiração- e esquecer aquela noite perturbadora.
O clima sombrio e melancólico havia ganhado um novo elemento, agora a neblina tornava aquela cena perfeita. Um sutil sorriso sarcástico estava moldado em minha face para olhos atentos, não que houvesse alguém ali para presenciar. Achava engraçado como eu me impressionava com uma cena tão obscura, aquilo tudo me atraia de forma mágica. Parecia tão incerto e arriscado, tão sombrio e perturbador, o medo se tornava mais uma motivação pra adentrar aquela escuridão que um escudo para me repelir daquele pesadelo.
Estava sentado na varanda de casa, havia silencio, a densa neblina que se formava já me deixava cego. Estava tão extasiado com aquela cena que havia me esquecido do frio, minha mente voltou a trabalhar, estava sozinho, no silencio... Mas minha alma se perdia em um mundo imaginário do qual não gostaria de sair. Já fazia semanas que não me sentia tão bem, tão tolo. Quando abracei a realidade com todas as minhas forças, acreditava que poderia ser uma pessoa melhor, mas tudo que consegui foi perceber que eu apenas posso viver como um tolo, se não for assim estarei apenas sobrevivendo.
Todos buscam uma razão para sua vida, a maioria a vive de forma vaga e sem compreender o que se passa dentro de si. Eu acreditava estar assim quando passava horas em mundos criados em minha mente, um sonhador sem limites, eu era o como um bufão em uma terra que não sorria. Sempre acreditei que eu estava apenas tentando fugir da realidade, fugir daquilo que não me agradava. Uma rota de fuga segura, mas que um dia teria um fim. Tolo eu era por pensar assim, descobri que esta minha fraqueza era a razão que eu sempre precisei.
-Sou um sonhador, sou um tolo, sou um contador de histórias que conta histórias para sua própria alma, mas sou feliz-

domingo, 14 de outubro de 2012

Entre Rosas e Espinhos


Você pode ouvir o vento lhe dar conselhos? No escuro tudo parece tão frio e sem vida, mas aquela musica me traz vagas lembranças. Não sei mais qual o reflexo que eu vejo no espelho, tudo se torna turvo quando se perde a esperança no amanha. É o caos que escolhe meu caminho nesta estrada. Ainda assim posso escutar o sussurrar das arvores. Isto chega a mim como um feixe de teimosia, que anseia por uma estrada mais limpa, mais clara.
Este vazio em mim esconde uma grande esperança, meus olhos não estão fechados, me precipito por penhascos mortais, mas apenas por enxergar o belo bosque que esta em sua base. Mas o vento é mais forte aqui de cima. Tudo pode ser perdido, todo o caminho pode ser mortal, este é o perigo de andar no escuro, você nunca sabe se realmente haverá chão para sustentar seus pés.
Ao abrir os olhos perco os sentidos momentaneamente, este choque de realidade realmente me deixa deturpado por um instante. Toda manha vejo o dia como se não o apreciasse por meses, uma nova esperança que renova a cada despertar e se deteriora a cada fim de tarde. È como uma roleta russa, um tiro ao acaso a cada novo dia, esperando que o alvo se mova na direção do projétil disparado.
A chuva continua a cair mesmo quando desejamos o sol, mas ainda assim somos capazes de desenhar na areia para que a chuva pare. Não se trata de inocência ou tolice, tudo é esperança. O que nos move é a vontade de ver o que surgira em seguida, gritar para que o vento pare de soprar não é um ato sem resultado, pois isto traz esperança, e essa esperança traz consigo a vontade de continuar.
Quando você se perde no escuro, consegue encontrar motivos para seguir adiante. O tempo é o melhor remédio, pois lhe permite encontrar as respostas. Todos desejam a luz, mesmo que seus corações estejam ofuscados por uma grande escuridão, a essência ainda anseia por um momento entre o brilho das estrelas.
Sempre haverá uma esperança nos caídos, todos possuem as duas faces de um todo. Aquele que sempre andou por campos verdejantes teve seu momento de fraqueza, onde queria estar em um pântano amaldiçoado. Aquele que sempre esteve vagando por campos obscuros de sua mente, nunca parou sua caminhada por esperança de achar uma fonte de luz. Hipócrita é quem acredita que pode haver luz sem presenciar a escuridão, ou que a escuridão tem sentido sem luz. Só compreendemos a maravilha de um estado quando sentimos a sua razão. Qual sentido a felicidade teria para quem nunca sentiu tristeza?

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A Dor de um Sorriso


Já faz tanto tempo que me perco em pensamentos vazios. Cometi o erro de permitir que meu coração fosse tomado por essa escuridão degradante. É tão frio e assustador, e ainda assim tão reconfortante. Acho que passei muito tempo andando no escuro que hoje já sinto como se esse fosse o único caminho pelo qual meus pés podem seguir.
Este meu sorriso que sempre esteve à vista, ele esconde toda a dor que sinto, uma dor que nem mesmo eu consigo descrever. Falsidade pode ser uma boa maneira de descrever meus atos, mas apenas aqueles que estão perdidos no vazio sabem o que passa pelo meu coração.
Hoje perdi tudo. Hoje perdi todos. Hoje desisti de tudo mais uma vez. Esse meu medo de não conseguir me erguer me acorrenta neste calabouço. Sinto a chuva cair sobre meu corpo, esse cheiro de sangue perturba meus sentidos. Aqui é frio, úmido, vazio... Estou preso em um pesadelo, as chaves estão em minhas mãos, mas não me atrevo a soltar as correntes, não me atrevo a seguir por uma saída.
Sinto meu corpo ser dilacerado a cada gota de chuva que toca minha pele, sei que essa chuva de sangue representa o medo que tenho de tentar, mas essa dor já esta me torturando a tanto tempo que me acostumei a isso. Não consigo pensar de forma racional no meio deste caos que me cerca, de longe escuto gritos de sofrimento vindo de todos os lados, mas ainda assim não posso ver nada a minha volta, apenas sinto o respirar de demônios que anseiam pela minha queda.
Estava fisicamente no conforto da minha cama, minha mente estava presa neste pesadelo. Esta dor é o que atrapalha meu sono, este medo é o que agita minha alma. O único alivio é que ainda assim consigo sorrir, aprendi a esconder minha dor atrás de uma podre mascara de satisfação. Sei que é um egoísmo que vai me destruindo cada dia mais, porem ainda assim, só de não observar a preocupação nos olhos que me cercam já me deixa aliviado.
Estou caindo aos poucos, mas cada vez mais próximo ao salão dos desertores...
Estou em constante queda, mas sempre olhando para a saída... Quando terei coragem de seguir em direção aquelas colinas ensolaradas? Talvez amanhã, talvez nunca... Só o tempo ira escrever o resto desta história. Só espero terminar com o olhar no horizonte...