sábado, 22 de setembro de 2012
Um Sorriso Para Salvar Uma Alma
Havia tantas pessoas naquele pátio, sempre a passar de um lado para outro, algumas em pequenos grupos, outras perdidas em pensamentos solitários, mas nenhuma era especial aos olhos daquele melancólico observador. Rotina. Era apenas rotina. Sempre observando as pessoas a sua volta, em busca de um olhar especial, de um sorriso mágico, mas tudo o que passava a sua frente estava infectado com aquela deplorável e mórbida doença que ele chamava de rotina.
Havia dezenas de pessoas naquele pátio frio, era uma tarde de inverno e todos estavam desanimados, era como uma pintura em tom de cinza. Vez ou outra brotava um sorriso em alguma parte, mas era um sorriso sem vida, frio, falso. Por que era tão difícil encontrar uma luz no dia-a-dia? Sempre vagar entre corpos sem esperança corrompia a alma daquele pobre observador, que ansiava por uma fagulha de motivação.
Mais uma tarde de inverno a observar faces sem brilho, pessoas sem vontade, sem ideais. Estava destinado a ser apenas mais uma tarde de inverno, mas havia uma luz diferente naquele ambiente. Um sorriso diferente, um sorriso despreocupado. O triste olhar do observador estava brilhando, seria aquela a inspiração que ele tanto buscara?
Em meio a corpos sem vozes ele observou uma bela jovem, uma beleza que ele não assimilara a carne, mas sim uma beleza incomum, pura, real. Ela tinha um sorriso diferente, um sorriso que não tinha o objetivo de agradar ninguém, um sorriso que tinha como objetivo demonstrar sua paz interior. Era radiante aquela pequena garota, era mágica aquela sensação. Não era mais que uma jovem, com uma beleza comum, mas que se destacava pela paz que transmitia.
Em meio aquela mórbida pintura havia um anjo, ela possuía um sorriso que iluminava a escuridão, era tão anestésico aquela visão, como se ela pudesse trazer para dentro do observador a paz que ele já havia perdido, mas que ainda buscava encontrar em alguém.
Todo o sentimento de paz, toda a visão do anjo não havia durado mais que alguns minutos, mas que preenchera a mente daquele jovem vazio de forma tão intensa que ele imaginara ter passado horas observando tão pura beleza. Não se dera conta de quando a bela jovem havia partido, e havia se impressionado de forma tão sublime, que não poderia descrever os traços daquela que o servira de inspiração naquela tarde. Tudo o que recordava era de uma pequena jovem de cabelos vermelhos, olhos tímidos e um sorriso mágico.
Pobre observador, agora ansiava por um reencontro, mesmo sem esperanças. Tudo o que desejava era contemplar mais uma vez tão magnífica beleza, mesmo em contraste com aquele mórbido ambiente. Foi uma tarde tão incomum, e ao mesmo tempo especial, que não tinha certeza se de fato era real. Talvez apenas sua mente projetando o que ele buscara durante tanto tempo em tentativa de preencher o vazio que ele sentia.
Sabia que mesmo que fosse real, ele era o observador, e não o objeto observado. Não passava de mais um entre as dezenas de pessoas sem vida naquele pátio. Sabia que ele não havia sido percebido, mesmo que estivesse ali, estava apenas enfeitando de forma macabra o ambiente. Sabia que mesmo que encontrasse novamente aquela que o presenteou com paz interior, para ela ele não seria mais que um entre milhares.
Não fazia sentido se agarrar ao sonho de reencontrá-la. Não era prudente viver em busca de um anjo. Mas ainda assim ele agradecia aquele sentimento, agora ele possuía um objetivo na vida, uma vontade. Não era tudo cinza, em algum lugar havia uma garota que possuía a chave para a tranqüilidade, e que com um simples sorriso foi capaz de mostrar a um melancólico observador que existia pureza no caos, bastava procurar nos olhos certos.
Aquela era pra ele uma musa inspiradora. Com um inocente sorriso foi capaz de despertar chamas que ha muito tempo foram apagadas, foi capaz de dar ao nosso pobre observador uma nova visão do mundo, uma visão que ele jamais esquecera.
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