sábado, 1 de dezembro de 2012

Lágrimas na Chuva...


Outra noite fria. A chuva forte deixava a rua deserta. Aquela típica penumbra em minha janela como um quadro na parede, um quadro que transmitia solidão e abandono. Havia percebido que dera um ar mais sombrio a toda àquela melancolia.
O som do radio estava alto, mas o som da tempestade sempre me deixava em um estado de transe, onde todo o resto não parecia nada alem de um borrão no horizonte. Apenas a rua escura e seus caminhantes fantasmas, vultos formados pela imponente luz de raios furiosos cortando o céu em meio as lagrimas das nuvens.
Dor e ódio. Era como a tempestade chegava a minha alma, uma fúria tão triste, que a dor que causa é menor que a dor que carrega. Ódio, dor, o olhar de uma criança em lagrimas, que chora por não ser forte.
Este paradoxo sempre tornando minhas noites mais atormentadas do que havia planejado. A tempestade sempre me desafiando a enfrentá-la, com aquele faminto sorriso diabólico, aquele terrível olhar assassino.
Percebo que eu sou a criança que chora por não ser forte, as lagrimas escorrem em uma face que apenas eu conheço. Aquele que vive escondido atrás de um fantoche, que sorri quando não há mais nada para fazer.
Vejo minha silhueta no vidro enegrecido pela noite, todo aquele ambiente trás de volta o “Eu” que estava enterrado. Um fraco sorriso pode ser percebido no canto da boca, alivio por estar sozinho nesse despertar deplorável. Por um instante me permiti liberar uma lagrima, não era tristeza, não era felicidade, apenas uma lagrima de alivio, uma lagrima para me sentir vivo, mesmo sabendo que após a tempestade tudo volta a ser como antes, com aquele típico tom cinza do dia-a-dia.
Algumas horas olhando para a janela, em um monólogo banhado a caos e incógnitas. As mesmas questões da noite anterior, uma rotina de sonhos, um sonho de uma criança morta, uma criança que busca vida, mas não se move para alcançar a luz, pois a força que ela precisa nunca esteve ao seu lado, o apoio sempre esteve do outro lado do muro, ao qual ela nunca se atreveu a cruzar, passando noites sem fim nesse monólogo com a tempestade, que sente a dor e o ódio, assim como essa alma que não conhece a esperança.

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